Olha aqui!
A briga foi comigo, foi dentro de mim, dentro do meu coração
duro, dos velhos medos que encontramos o tempo inteiro.
A briga foi pela
chave da porta da frente, foi por dar as mãos, foi por ter e não ter. Foi pelas
escolhas precipitadas, pela acidez dos momentos, pelos meus choros com a cara
no travesseiro, foi pelas perguntas sem respostas, e por todas as minhas dores
e amores fracassados. A dor de um retrato amarrotado, de um silêncio no meio da
madrugada, de um beijo na testa e uma promessa,
A briga foi por ter
que me encarar todos os dias, por me carregar todas as semanas, meses e anos, foi
pelo gesto no espelho, por estar cansada e não poder desistir,foi pelas
palavras ditas,ou pelas inúmeras não ditas.
Olhando fixamente o sol que brilhava sentada
no banco do ônibus, com as ruas e esquinas que pareciam devorar, rolando uma pancadaria
efervescente dentro de mim. Quando a visão infantil do mundo se foi, apenas
sendo devorada por lembranças, e pequenas batalhas comigo mesma, travadas todas
as manhãs.
E a minha consciência
parece não querer me deixar em paz, me pego pensando em todos os caminhos laçados,
escrevendo essas linhas para liberar uma dor que eu não sei qual é, para
decifrar uma parte que eu não conheço. De alguém que se esconde por traz da ignorância,
de uma carapaça dura, um bloco de gelo. Arrependendo-me de ter me mostrado para
poucas pessoas que um dia vão me abandonar, assim como outras que abandonaram.