quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


Olha aqui!

A briga foi comigo, foi dentro de mim, dentro do meu coração duro, dos velhos medos que encontramos o tempo inteiro.
  A briga foi pela chave da porta da frente, foi por dar as mãos, foi por ter e não ter. Foi pelas escolhas precipitadas, pela acidez dos momentos, pelos meus choros com a cara no travesseiro, foi pelas perguntas sem respostas, e por todas as minhas dores e amores fracassados. A dor de um retrato amarrotado, de um silêncio no meio da madrugada, de um beijo na testa e uma promessa,
  A briga foi por ter que me encarar todos os dias, por me carregar todas as semanas, meses e anos, foi pelo gesto no espelho, por estar cansada e não poder desistir,foi pelas palavras ditas,ou pelas inúmeras não ditas.
      Olhando fixamente o sol que brilhava sentada no banco do ônibus, com as ruas e esquinas que pareciam devorar, rolando uma pancadaria efervescente dentro de mim. Quando a visão infantil do mundo se foi, apenas sendo devorada por lembranças, e pequenas batalhas comigo mesma, travadas todas as manhãs.
    E a minha consciência parece não querer me deixar em paz, me pego pensando em todos os caminhos laçados, escrevendo essas linhas para liberar uma dor que eu não sei qual é, para decifrar uma parte que eu não conheço. De alguém que se esconde por traz da ignorância, de uma carapaça dura, um bloco de gelo. Arrependendo-me de ter me mostrado para poucas pessoas que um dia vão me abandonar, assim como outras que abandonaram.