quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



   Com os olhos sonolentos um dia eu acordei. Existia um céu, uma Terra, um sol que brilhava todas as manhãs ate então, existiam as nuvens com seus formatos engraçados, as cores do arco íris, e a chuva que caia lá fora, longe, longe de tudo, gota por gota que caia nos campos verdes.
   Um dia eu acordei, e o dia já não era o mesmo, e eu já não era a mesma, e as coisas em minha volta já não eram as mesmas. Tudo havia se modificado com uma rapidez instantânea e com uma raiva bruta e delicada. Apenas com os ruídos não entendidos de uma vida que continuava a se movimentar lá fora, como um ritmo de dança, que a gente não pode parar, caminhando com os passos uma hora lentos, e outra hora rápidos demais, de um mundo onde você precisa encaixar-se, ou ele simplesmente devora você.
   Um dia eu acordei com o sopro da brisa vindo invadir-me com uma sensação fantasiosa, insistindo em me mostrar que o tempo havia também mudado, e que como um ciclo, o presente se transformava em passado. E que mais uma fase existia em passar, como todo o resto passou, apenas guardando uma nostalgia de uma vida que passa, passageira.