Sempre olhei para
vida como um curso, como um rio que chega ao seu fim, mas nunca pensei
realmente no fim. Talvez tivesse medo de pensar no que pode ser, e não ser.
Quando eu nasci era
apenas um ser frágil,que aos poucos foi se fixando,criando raízes, firmando-se
aos pouquinhos, e em um pulo, virei uma trepadeira, roubando lugares, abrindo espaços,
fechando. Seguindo uma trajetória inconstante pelos dias e meses afora, seguindo
um caminho longo ou curto, do qual não aceita previsões.
Mas ao passar do
tempo parei para pensar nos meus passos, e peguei-me aflita pensando como vim
parar aqui, é como se tivesse dormido por um longo tempo e acordei em outro corpo,
em outro lugar, tendo a vida de outra pessoa, com novos sentimentos, gostos, visões.
E de repente que medo, que medo que me deu viver, que medo que deu não viver, fiquei
perdida em dois pensamentos, perambulando de dois lados, sem saber para onde me
movimentar, em que direção ir.
Viver é uma tarefa difícil,
parece que você foi jogado no mundo sem saber qual é o verdadeiro sentido de
estar aqui, se é que existe algum, mas as pessoas não notam como a cada dia
você constrói um pouco de si,descobre motivos para continuar nessa loucura.E
acaba se dando falta de tantas coisas que passaram,e acaba tendo medo de sentir
falta das que não vão chegar.
Imaginei não acordar
amanhã,morrer quem sabe,deixando de me levantar, escovar os dentes, trocar de roupa,
pegar o ônibus e ir completar toda a rotina de um dia monótono e ao mesmo tempo
cansativo. Imaginei não realizar meus planos, não me ver daqui a 20 anos, ou
nunca saber como terminou aquele romance. Não saber como vai ser os objetos
da minha futura casa, quantos filhos terei, ou não terei, a onde vou morar em
que bairro hei de estar. Nunca mais ver o céu, os apressados na avenida, ou nunca mais passar olhando vitrines,sem olhar vitrines.
E se eu não acordar amanhã,
ei me diga, como vai continuar a vida?